sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Correntes existenciais



Contrariamente à natureza do ímpeto, reinam em certas etapas da vida as tais correntes existenciais... Talvez você nunca tenha refletido sobre isso, mas é fato que, muitas vezes, elas existem – manietam seus pés, atam suas mãos e plastificam sua alma!

Falo, ora, daquelas situações que se arrastam indefinidamente na vida e provocam, na roda do tempo, um arrastar de correntes, um acúmulo de vácuos, mil vozes de silêncio, como se numa casa abandonada... Opostamente ao ímpeto, é um procrastinar do tempo, um adiamento de circunstâncias, uma autointimidação ao fluxo da vida. Deixar o rio correr, em ritmo de pasmaceira, à beira de uma pequena vila – sem declives e cachoeiras, sem correntezas ou tempestades – pode, mesmo, ser pior do que não existir. Existe quem faz fluir o próprio desejo e caminha em direção traçada.  Adia a vida quem só quer brisa e se banha em águas mornas e plácidas; aquele que só olha para o céu sem nuvens e não colhe – nunca – a gota noturna mais pesada do orvalho!...

Será que você também já não se permitiu ou não perseguiu aquele grande sonho? Abriu mão dos rizomas de sua existência? Disse não ao pensamento ou ao futuro por covardia ou simples medo de existir? De insistir e existir no próprio espaço – inventado, autoproclamado, desbravado?!

Bom, não há receitas; não deve haver – entre o ímpeto e o arrastar de correntes. Talvez não haja medidas ou, menos, uma solução única e salvadora. Mas há você e a convicção de não deixar o tempo se arrastar... De não permitir que os anos o apartem de si mesmo – e o distanciem daquele eu de infância, que cultivava sonhos, fabricava sorrisos e inventava poções mágicas de existir. Aquele eu tenro, terno... meio incipiente, mas que já dava seus passos primordiais na direção de uma autoidentidade plena.

Sim; não arraste correntes! E, se não quiser riscar impetuosamente os céus com a sua vontade, também não se permita juntar os cacos de cristal e sabotar o relógio-de-sol... O tempo é mestre, mas é também sofista, ilusionista, um mago capaz de petrificar seus olhos! Na permita, pois, ao desenrolar de seu cronômetro a cadência lenta do senhor temporal de barbas brancas, que – fantasmagórico – esconde o universo  sob a túnica e traz acorrentada nos pés aquela bala de canhão – pesada, escravizadora e eterna!

Isso: diga não para as situações que se arrastam, como se numa preguiça de vida ou num ocaso do existir. Na rotação permanente dos dias, sol é ouro e lua é prata: ambos têm brilho, em qualquer momento do tempo. No firmamento dos (verdadeiramente) vivos não há lugar para cores esmaecidas e nuvens cor-de-cinza.


Sem fantasmas, sem correntes e sem eclipses... Não insista no mau tempo! 


quinta-feira, 19 de novembro de 2015



   LANÇAMENTO DO MEU ROMANCE 
                   O OURO DO CAPITÃO                    
                          EM PORTUGAL 


Queridos leitores, vejam as fotos do coquetel de lançamento do meu novo livro, o romance O Ouro do Capitão, pela Chiado Editora, em 25 de outubro, em Portugal. A noite de autógrafos foi realizada na Livraria do Desassossego, point cultural de Lisboa. Veja algumas fotos do coquetel: