segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O doce sabor da novidade



O mais fascinante da vida é a prerrogativa da novidade... Essa história de não sabermos o que está para acontecer, as mil e uma curvas sinuosas das esquinas da existência! Refiro-me àquelas surpresas mágicas que permeiam o nosso cotidiano sem que percebamos direito o que ocorre.

Com toda a franqueza, eu amo a novidade! Ter a possibilidade de ver, descobrir ou vivenciar mil coisas diferentes!... É como ter diante dos olhos uma gama variada de formas, cores e paladares, como um tabuleiro de 49 bombons decorados diferentemente para enfeitar e dar sabor à Ceia de Natal! Providenciei isso para a minha ceia deste ano, de modo que cada bombom do tal mosaico tivesse aparência e recheio diferentes dos demais. Assim, quando alguém levava à boca a guloseima, não sabia o que iria encontrar quando o chocolate espocava, deixando descobrir o seu licor: de cereja, anis, lichia, amora?! Em analogia, que sabor, cor ou emoção terão os novos e distintos fatos que comporão o seu mosaico do  novo calendário? Já pensou quanta surpresa (quanta novidade!) poderá compor a sua mesa de ofertas em acontecimentos no próximo ano?

Pensando em tais revelações, afirmo e reafirmo que não tenho medo do que sobrevirá à incógnita dos dias, e cultivo mesmo a dinâmica de acontecimentos inimagináveis e revolucionadores. Sabe aquelas pessoas que têm medo do novo e tremem ao simples pensamento de terem sua vida modificada? Pois é... Não sou uma delas; nunca fui! Ao contrário, carrego comigo uma espécie de sensor de novidade... A cada nova passada do tempo, faço a triagem do recente com o meus radares superpoderosos de sucção do marasmo. Isso mesmo: monotonia comigo não tem vez! Nunca soube o que é rotina; invento todos os dias fórmulas novas de viver. Faço coisas em horários diferentes, renovo sempre meu guarda-roupa, invento mil misturas de fragrâncias na hora do banho, mando preparar uma receita de bombons diferentes entre si e sonho sonhos novos, os mais recentes sempre mais ousados que os anteriores!

Assim é que – quando chega o fim do ano – e me ponho a fazer aquele célebre retrospecto do meu dois mil e tal, me deparo com as surpresas impactantes da velha e boa novidade... Isso é uma coisa que me encanta em todo pré-reveillon: a possibilidade infinita de irmos ao encontro de um mundo novo! E na hora propriamente dita da virada, sempre me pergunto: que surpresas me trará este novo ano? A propósito, você já parou para pensar sobre isso? Reflita e veja, por exemplo – com aquela sua potencial lente interior – os fatos que aconteceram neste ano que passou e você não esperava... Pensou? Percebeu como aconteceram coisas que você nem imaginaria: telefonemas, e-mails, convites, viagens, surpresas?!... enfim: novidades! Novidades boas, chamamentos da sorte, mudanças bruscas e similares!

A vida é, às vezes, uma espécie de roda-gigante: põe você numa rotativa cadeirinha mágica, levando-o a passear por aí, de parada em parada nas voltas dos ares, dando-lhe a cada estágio uma visão nova e outro pedaço do horizonte... Da minha cadeirinha mágica este ano, por exemplo, eu pude vislumbrar várias nuances de horizontes que se avizinharam de mim, e outras que são, ainda, um prenúncio na faixa rósea do céu das possibilidades!

Às vésperas do brinde ao próximo ano, aposto que um milhão de novidades estão por aí – borbulhantes e saltitantes no ar – prontas a serem apanhadas pelos humanos mais intrépidos! Não deixe que tudo fique apenas no ar, numa promessa de espuma! Faça como eu: capitaneie o time da busca pelo novo... brinde à surpresa feliz da renovação e deguste o doce sabor da novidade!

P.S.: Desejo a você, no tempo que se aproxima, um tabuleiro de novidades – diferentes, coloridas e prazerosas – como os bombons da fotografia! Que você possa usufruir de toda a variedade de imagens, cores e sabores da emoção que a vida tem para oferecer! Que o calendário anunciado seja como um atrativo mosaico de coisas novas!

Por Sayonara Salvioli


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... mais: Paz, amor, fortuna e bem-aventurança aos calorosos de coração!


Deus abençoe o Ano Novo!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Poderosa intuição


Imagem: Col. LS

Minha intuição é algo com que realmente posso contar. Pelo menos, na maior parte das vezes. Mais do que isso, normalmente, ela é uma espécie de bússola, ou mesmo, uma poderosa arma no trato com o cotidiano.
Memoráveis são os casos de acerto preciso da minha antevisão intuitiva. Quero mostrar, com isso, as inúmeras vezes que previ algum fato com razoável antecedência. Normalmente, tal se dá por meio de sonhos. Costumo sonhar – na véspera ou com um intervalo de cinco a dez dias – com algo que está para acontecer. A revelação onírica pode ter conotações simbólicas ou, em casos especiais, mostrar cenas claras ou um fato evocativo sobre determinada pessoa ou situação.
Sendo mais clara, vou relatar aqui alguns desses casos intuitivos que posso classificar como especiais. Um deles aconteceu há cerca de quatro anos... Comecei a sentir, certo dia, algo estranho, uma sensação de perigo que rondava, com acurada precisão (não me deixava nenhuma dúvida) a figura de meu pai. Tremendo pânico tomou conta de mim, especialmente pelas fragilíssimas condições de saúde dele – agravadas, com o passar dos anos por uma lesão medular que lhe impedira a mobilidade natural. Diante disso, dificilmente uma ameaça, para mim, pairando sobre a cabeça de alguém seria mais grave do que aquela, terror premonitório, que apontava na direção inconteste de meu paizinho!... Coloquei uma foto dele na área de trabalho de meu computador e, na constância dos dias – ao longo de minhas atividades de escrita – fazia orações e procurava emanar eflúvios positivos na direção de seu olhar doce, estampado na minha tela. Além dos cuidados espirituais, também procurei tomar medidas práticas de prevenção: liguei para a minha mãe (eles moram a 300 Km de distância) e avisei sobre o perigo que pressentia. Alertei: Tome cuidado para que meu pai não se acidente, pois sinto que ele corre perigo por esses dias. Paralelamente a isso, pedia à minha filha, quando em vez, que também fizesse suas orações, já que infelizmente, sinto que algo irá acontecer a seu avô, sem demora.
Palavras de sibila! Cerca de dez dias depois, o telefone toca; era minha mãe... Antes mesmo que ela começasse a dizer qualquer coisa, in continenti, perguntei: O que aconteceu com meu pai? Atente-se para o detalhe de que ela me liga várias vezes durante o dia (sou filha única), mas naquele telefonema – precisamente naquele momento – minha intuição certeira me avisou do fato recentemente acontecido. Estava consumado: meu pai sofrera uma queda brutal e quebrara o fêmur; urgia ser feita uma cirurgia. Antes de tomar qualquer providência e viajar para lá, agradeci a Deus que a notícia não tivesse o atroz apelo de um ultimato. E rezei novamente para que ele se saísse bem de tudo aquilo, embora eu tivesse absoluta certeza de que – mesmo com o sucesso da operação, após a realização desta – ele não mais voltaria a andar. E assim foi.
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Outro episódio da série Intuição teve lugar numa manhã aparentemente comum, quando – depois de uma noite de sonhos truculentos – acordei com aquela estranha sensação de revelação. Da cama, com voz notadamente alterada, chamei minha filha, que tomava café da manhã. Ela veio até mim, já um pouco aflita e sem nada entender, quando lhe perguntei se ela pretendia ir ao cinema com as amigas naquele dia. Após sua negativa, eu lhe disse que então estava tudo tranqüilo, pois meu sonho premonitório de perigo só fazia sentido se ela fosse passar – com as colegas Fulana, Beltrana e Sicrana – pelo Cine Rockfield, reunindo-se com elas em frente a este. Relatei-lhe que sonhara com ela sendo assaltada, junto às colegas, na porta do cinema, num assalto em que lhes levavam os celulares.
Minha filha foi para o colégio, e eu voltei a dormir. O horário das aulas transcorreu normalmente e ela retornou a casa. Mais tarde, despertei efetivamente para o dia e fui trabalhar. No fim da tarde, o telefone tocou e Raquel o atendeu. Após ouvir uma pergunta e titubear por uns segundos, decidiu não aceitar o convite e, de modo sutil, prevenir as amigas quanto a qualquer resquício de perigo advindo dos sonhos da mãe. Isso de modo bem disfarçado, pois, como uma boa e usual adolescente, teria “brios” em falar dos poderes maternos manifestamente telepáticos (risos)... E suas amigas se dirigiram ao cinema. Horas mais tarde, minha filha fora surpreendida por novo telefonema das colegas, que, aflitas, lhe relatavam que haviam sido assaltadas em frente ao cinema e que os assaltantes levaram os seus celulares. Como o leitor pode constatar, mais precisa não poderia ter sido a minha intuição onírica.
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Outro fato, bem mais recente, aconteceu quando, após um desses painéis noturnos reveladores, acordei e disse para a minha filha: Vai acontecer alguma coisa hoje. Meu leitor, você bem pode imaginar o que não significam palavras assim emanadas de minha intuição, já célebre entre familiares e amigos. Minha filha, então (coitada!), a certo momento desenvolveu considerável pânico ante minhas bruscas e solenes declarações. E não foi diferente naquele dia, com certo agravante por parte de minha autoconsciência de preservação: constava da minha agenda um ida a determinada editora, localizada em subúrbio muito visado, ou seja, em zona de perigo. O problema, então, me parecia maior, mais forte e efetivo, de antemão. Provavelmente, algo diferente estava fadado mesmo a acontecer. Assim, contrariando Monteiro Lobato – que recomendava que as pessoas “não atentassem muito no perigo” –, acreditei na possível predestinação e comecei a tomar as prováveis providências. Primeiro, rezei. Depois, separei documentos e vi se a minha filha estava com cópias de chaves e cartões de banco. Por um ligeiríssimo átimo, até pensei em não ir à editora, mas desisti da desistência, alegando para mim mesma que eu não poderia suspender o ritmo da vida. Assim, por ser a um só tempo responsável e arrojada, impetuosa, peguei pela mão a minha coragem de sempre e tomei um táxi para a Zona Norte.
Incrivelmente, nas primeiras horas do dia, tudo parecia transcorrer com a calma sem graça das situações rotineiras. Felizmente, diga-se de passagem. E assim, no ritmo cordato das horas que se sucediam sem maiores alardes, passou toda a manhã. Bem mais atenta do que de costume (apesar da forte intuição, sou curiosa e ridiculamente distraída), durante o percurso até a editora, procurei observar, através da janela do táxi, todo o movimento do trânsito e das coisas à minha volta. Porém, nada de significativo parecia saltar às minhas vistas. Em paz também cheguei à editora. Lá chegando, tomei todas as providências de trabalho necessárias e, cerca de uma hora e meia depois, partia do local no trajeto de volta à Zona Sul.
Próximo à referida editora, existe um viaduto considerado de alta periculosidade. E profundo foi o meu suspiro de alívio ao cruzá-lo já na volta de minha missão àquele lugar. Quase não acreditei quando, após atravessá-lo – pela segunda vez, naquele dia de intenções escabrosas preconizadas –, pareci vencer o anunciado perigo. E talvez tenha sido exatamente nesse momento de relaxamento que ouvi um som truncado na traseira do automóvel. Meu coração quase saltou pela boca quando – acordada pela realidade exterior aos meus pensamentos –, pude perceber que um ônibus batera no táxi que me conduzia! Talvez vendo a minha expressão momentânea de leve pânico (risos nervosos), o taxista tentava acalmar-me: “Não foi nada, senhora. O ônibus raspou a traseira do meu táxi. Mas a senhora está bem, não está?” Ao que lhe afirmei estar bem e contei a minha história. O pobre homem ficou estupefato. Menos estarrecida só ficou a minha filha já treinada em grandes emoções... Após me conscientizar do ocorrido, peguei o celular e lhe disse: Fique calma: o perigo já passou. Imagine o que essa menina não passa, na constância dos dias!...
Após tais relatos, no entanto, eu gostaria de dizer ao leitor que também não tenho bola de cristal... Apenas sou avisada em certos momentos de perigo. E desejo, sinceramente, que em tais instantes graves, meus anjos nunca falhem. É bem verdade que – dadas as minhas vulnerabilidades humanas – há momentos em que eles podem estar dormindo... Aí a boa e velha intuição pode não me atingir a consciência a tempo, em vista, principalmente, de outras conjunções cósmicas que, porventura, possam atingir o céu da minha rotina. Ainda assim, prometo ao leitor que – na maior parte dos casos – procurarei desenvolver uma força telepática tal a ponto de livrar – com inspiração e iluminação divinas –, a mim e aos meus, dos perigos que rondam as vivências humanas. E, quem sabe, paralelamente a esse dom que tenho desenvolvido nos últimos anos, eu não possa chegar, por exemplo, a uma superclarividência lógica e desvendar os números premiados da Mega-Sena?... Aí, caro leitor, você pode apostar: não me esquecerei de sua prévia companhia aqui neste âmbito e o convidarei para integrar o bolão onírico da sorte!!!
Por Sayonara Salvioli

P.S.: Falei hoje da minha intuição com revelados “poderes delatores do perigo”. Outro dia, no entanto, escreverei sobre outro tipo de poder intuitivo, o qual trata da sensação leve e de regozijo que é capaz de antever momentos meio mágicos, aqueles que não se atrelam, necessariamente, a circunstâncias cabais de riscos, doenças ou acidentes. Em 1988 e em 1999, passei por coisas assim. Mas isso é matéria – e profícua! – para outro post!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Pádua renasce com o Natal...



Tolstoi disse, sabiamente: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia". Creio mesmo que poucas coisas afetem tanto os humanos como a lembrança e o amor de sua terra. A aldeia de cada um é sua identidade mais arraigada, seu elo mais forte e sua expressão mais genuína. Porque não há no mundo um lugar que se compare à sua própria terra.
Assim é que a nossa cidade é aquele pedaço de universo que mais nos diz respeito. Se um oceano ou uma cordilheira nos separam, ainda há uma força capaz de nos teletransportar a uma ordem de nosso desejo: o de lá retornar, sempre, para nos reabastecermos de energia. E realmente é necessária essa retroalimentação em relação à terra de origem.
Eu caminho sempre em direção ao que me chama, mas sem nunca deixar de voltar os olhos para o início de minha jornada. É por isso que trago comigo a herança da terra, uma espécie de código geográfico de um endereço que me define na cosmologia do tempo-espaço. Por isso é que trago em mim, fortemente, a cidade de Santo Antônio de Pádua.
Embora eu não seja paduana de nascimento, sou cidadã paduana: oficial, convicta, veemente. Vivi na cidade durante quinze anos, alguns dos mais importantes de minha vida, pois foram os que viram minha filha nascer e crescer. Tenho a alegria de saber que Raquel nasceu em solo gentil de pessoas gentis, cresceu por entre espaços cheios de liberdade, aprendeu a conviver e a desenvolver solidariedade numa sociedade harmônica e feliz. Tal núcleo de convivência, no entanto, vive hoje um momento difícil: filhos seus, de todos os bairros – e em todas as direções – se sentem perdidos diante da força arrebatadora das águas do Rio Pomba.
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Mesmo para quem está distante da cidade ou nunca viu de perto uma enchente, não é difícil imaginar o desespero que seja – de um momento para outro – ter a casa invadida por águas que transbordam e parecem adonar-se de todo o resto da paisagem. Independentemente de riscos maiores, vitais, e de desequilíbrios sociais mais graves, a questão material de ter os próprios pertences perdidos é algo muito sério. Eu fico imaginando – e com certeza, você pode imaginar também – que terrível sensação não deve ser o vácuo de uma casa invadida – de repente! – tendo seus móveis, seus livros, suas louças, suas roupas, seus eletrodomésticos e todos os itens da harmonia cotidiana levados ou corrompidos pelas águas. É claro que a vida é sempre o mais importante, e se ela permanece, todo o resto se reerguerá, por certo. Mas pense bem que tsunami na vida de uma família deve ser a chegada de uma correnteza amarela e brutal, dispersando as coisas mais sagradas de sua casa, aquelas que dão alma ao lugar e alimentam, todos os dias, a vida de seus moradores!... Casas em lugares mais altos ou próximas ao rio, bem equipadas ou humildes, habitadas ou fechadas, todas, assoladas sem mais nem menos por uma onda surpreendente de pavor! Num espaço de poucas horas – sem que as pessoas tivessem tempo de providenciar suportes para suspensão de seus móveis e objetos –, todos os apetrechos e construções da mão do homem pareceram tão frágeis como nunca antes se imaginou... Estabelecimentos comerciais inteiros perdendo seus artigos, alimentos perecendo, casas ilhadas sem comunicação ou acesso a quaisquer bens de consumo. Desliga-se a luz, emudecem os telefones, esgota-se a despensa... as padarias e os supermercados estão fechados; crianças precisam tomar sua mamadeira, mas o leite acabou e não há onde comprá-lo. Nem é possível ir a qualquer lugar sem um barco e uma coragem leonina!... Os hospitais estão inundados e os doentes sem proteção. Tudo é dificuldade! O homem duvida de si mesmo quando vê que o seu poder de decisão/ação está bem aquém do que lhe dita a natureza.
A tragédia é inevitável. Dos mais autônomos aos mais carentes, praticam-se perdas pessoais e desesperanças humanas. Para quem está longe, como eu, mostra-se o quadro desolador de um rio sem fim invadindo as praças, o átrio da igreja e todas as ruas que fazem a movimentação da cidade. É desalentador imaginar a face da destruição quando esta aparece sem avisar e se adianta contra tudo e todos. Fico muito triste ao ver e imaginar a equilibrada Santo Antônio de Pádua dançando o forçoso balé das águas de um cataclismo...
A comunidade precisou de ajuda e quase enlouqueceu no ocaso de um silêncio só cortado por barulho de correnteza. Esperaram-se providências da Defesa Civil, aguardou-se uma ajuda dos céus, e a população se desesperou quando não viu, acima de suas cabeças, helicópteros portando mantimentos, agasalhos ou quaisquer materiais de apoio. Apenas a solidariedade de alguns paduanos valorosos, que se aventuraram nas águas levando socorro a seus conterrâneos. Felizmente, dias depois, chegaram barcos em maior quantidade e os helicópteros da Marinha do Brasil. Paralelamente, a situação parecia amenizar-se, quando recursos da Defesa Civil e ações do Corpo de Bombeiros começavam a distribuir alguma tranquilidade.
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As águas baixaram; o rio voltou a habitar sua antiga morada, mas um cenário de desoladora destruição é agora a visão da realidade. Moradores e amigos visitantes lançam-se, em mutirão, à limpeza das casas. Novamente se enxergam o solo, as ruas e os jardins. Pádua ressurge, mas por toda parte – posso pressupor – há uma aura de tristeza, um cântico silente, como se a entoar o som de algum estranho cortejo... Algo parece ter morrido; uma parte da integridade local e fragmentos da identidade da cidade parecem ter ido embora... É que Pádua foi invadida, violada, e parece ter perdido anos – talvez décadas – de sua saga urbanística. E isso deixa forte angústia no ar, principalmente porque há irmãos desabrigados, literalmente sem chão ou teto; outros, irremediavelmente afastados de parte de suas histórias de vida. Tem lugar, agora, a incineração de pertences destruídos pela força das águas. Tudo se dá como se num ritual de abandono da tragédia, ao se deixar a tristeza para trás. Vi fotos de pessoas nas praças, livrando-se das marcas de destruição deixadas em suas casas. Apesar da união solidária que enxerguei nas imagens, senti também um aperto no peito ao me certificar de que – muito além daquele desfazer – há pessoas recomeçando do zero, talvez sem a força necessária da esperança.
Na verdade, a natureza não é inimiga. Os últimos tempos têm dado conta, no entanto, de um distanciamento do homem de seu meio, exatamente em virtude do processo de desrespeito ao ambiente que vem aumentando com os anos. Cada vez mais, a relação entre o aquecimento global (e outros fatores) e os desastres ambientais tem redundado em tragédias, mortes e arrebatamentos brutais. Inúmeras catástrofes naturais, infelizmente, fizeram parte da história deste ano que termina. Dentre estas, as recentes enchentes em Santa Catarina e as que se deram em diversas cidades do Norte Fluminense, bem como as ocorridas em Minas Gerais, as quais convergiram para o atual estado de coisas em Pádua e imediações.
Sem dúvida, se faz necessário que os governos se organizem em estudos e execuções de políticas ambientais profiláticas, quando tanto já se perdeu pela mão desastrosa do homem. É certo que cataclismos e alguns outros fenômenos independem da eficácia da administração pública, mas – ante a terrível enchente ocorrida em nossa cidade – é imperioso que se estude um modo organizacional de se acolherem os dizimados pelas águas. Refiro-me não aos que tiveram perdas reparáveis, na medida em que uma situação mais abastada lhes permite uma reconstrução menos difícil. Falo daqueles que, agora sem casa ou destino, ficaram à mercê da solidariedade e da providência. Ergamos aqui uma voz que clama por uma forma qualquer – ante os recursos a serem oferecidos pelos órgãos e meios competentes – de se executar uma ação efetiva e eficaz de acolhida dos reais necessitados. Penso que também nós, cidadãos, podemos fazer aquilo a que normalmente chamamos “a nossa parte”. Assim foi que vários paduanos – alguns mesmo morando em outras cidades – se organizaram e criaram comunidades no Orkut, trocaram informações, providências e tiveram louváveis iniciativas, como a de se estabelecerem pontos receptores de donativos para os mais atingidos pela enchente.
Finalmente, gostaria de expressar que, apesar da tristeza sentida, é preciso secar as lágrimas, erguer o peito e arregaçar as mangas! É claro que, mesmo de longe, me detive – durante várias vezes – e chorei diante de fotos divulgadas na Internet. Minha filha, paduana amorosa, chorou por dois dias e não conseguiu se movimentar normalmente no Rio: perdeu festas a que ia e ficou atrelada ao telefone e ao Orkut, atenta a quaisquer notícias ou comunicados que precisasse transmitir. Mas, assim como você e eu, ela sabe da necessidade de todos – moradores ou não da cidade – colocarem um sorriso no rosto e saírem por aí, na dinâmica da vida, repondo os tijolos de sua rotina no lugar de antes, com a firmeza e a sensatez das construções sólidas. Para isso, a ordem deve ser lavar o solo, limpar a casa, retirar todo o lodo que restou... É momento de procurar o próximo e não ter medo! Agir e recomeçar, como pressupõe o resto das coisas que nos chamam em 2009. Creio que a esta situação se aplique algo que Dalai Lama disse: “...os fracos se intimidam; os fortes abrem as portas e acendem as luzes”. É hora, pois, de o paduano retornar à sua casa, abrir as portas, acender as luzes e recomeçar a sua história de vida do ponto onde parou. Certamente, assim será que – com as bênçãos de um renascer divino – Pádua renascerá com o Natal!
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Se você nunca pensou que uma cidade pode ter alma, acredite: Santo Antônio de Pádua tem...

Pádua, cidade das rochas, cidade das águas...
... Que o paduano ausente, feliz, rememora,
Junto a intentos, alegrias ou mágoas
Que leva consigo ao ir embora!

À margem do Pomba, ante a Ponte dos Arcos...
Infância e juventude, entre sonhos e lendas;
Em anos felizes e dourados, histórias e marcos:
Danças, folguedos, folclores, parlendas...

(...) Há no interior das cidades tal vida e magia
Que faz pitoresco um mero cotidiano...
Que dá ao dia simples certo teor de alegria
No calendário lento que perfaz cada ano...

(...) Hoje eu sou um paduano ausente
Que vive lá fora, em terra de outrem!
Mas cá estou vivo, em espírito, presente,
Sorrindo tenuamente, ao lembrar de ontem!...

Por Sayonara Salvioli

P.S. 1: Colabore com os atingidos pelas enchentes; doe roupas, alimentos ou quaisquer pertences que possam trazer benefícios aos que estão precisando de ajuda.
Pontos de recebimento de donativos para Santo Antônio de Pádua, Itaperuna e Região Norte / Noroeste Fluminense:
No Rio de Janeiro:
Grupo Bandeirantes de Televisão
Rua Álvaro Ramos, 350 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ
Em Niterói:
Paróquia de São Judas Tadeu
Av. Ari Parreiras, s/n - Icaraí
Especifique que suas doações se destinam ao Noroeste Fluminense.
Você também pode procurar qualquer quartel do Corpo de Bombeiros para fazer suas doações.
Colabore! O homem é aquilo que faz!
P.S. 2: As fotos que ilustram esta postagem representam apenas algumas nuances do terrível desastre que se abateu sobre a cidade. A ausência de créditos se deve ao fato de estarem sendo utilizadas coletivamente, em manifestações extensivas de solidariedade. Na verdade, as pessoas tiraram as fotografias na medida em que isso lhes era permitido, ante a dificuldade de locomoção. Em muitos casos, o fizeram das janelas de suas casas. Certamente, muitos outros ângulos - mostrando faces ainda mais severas da tragédia - talvez não tenham podido ser registrados diante da impossibilidade ou ausência absoluta de tecnologia em tais momentos ou lugares.
Além de agradecer a gentil cessão das fotos, que estão veiculando em Orkuts de amigos comuns, esclareço que - uma vez elucidados os respectivos créditos das imagens - aqui serão devidamente registrados.
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A todos os amigos e leitores deste blog, a minha mensagem de Natal, muito oportunamente, é uma espécie de reflexão, um chamamento para dentro de nós mesmos, em busca da essência humana que nos distingue dos outros seres da natureza. Aproveitemos o Natal para praticarmos paz e solidariedade! Assim, meu maior desejo é que você e sua família possam veicular amor, dentro e fora de suas casas.
Quanto a 2009, isto é matéria para outro post! Afinal, ainda nos comunicaremos antes do ano que vem...


sábado, 6 de dezembro de 2008

Viagem no tempo?!




Novamente, o tempo... O ano era 1984. E eu estava num lugar meio mágico, com um chão legitimamente outonal – aquele de folhas secas cobrindo o chão e pintando a paisagem de dourado. Mas não falo do outono europeu que “pintou” aí na sua imaginação. O meu lugar particular era um pomar bem nacional, com árvores de copas grandes e troncos seculares: uma fazenda no interior do Estado do Rio de Janeiro. Na verdade, o local tinha um quê de fantástico: parecia encontrar-se no âmago de um livro... folhas secas entre rizomas de celulose em forma de páginas perfiladas!...  
Não parecia, mas era um lugar real. E eu chegara lá sem a avidez das grandes vontades; apenas fora para agradar a meu pai, que trazia de volta para a família um patrimônio de gerações. Lá chegando, porém, olhei rapidamente para a sede de janelas coloniais e alpendre literário... Sem dúvida, aquele era um belo lugar! Mas a primeira paisagem que me sorriu não despertou o mesmo encantamento em meus lábios. Não quis adentrar o casarão, logo de início. Uma vontade maior moveu a minha mente e deslocou meus pés apressados em busca de algum lugar. Saí caminhando rápido, com aquela sensação de quem não sabe para onde está indo, mas conhece o caminho. E foi aí, que – clareiras depois – eu me vi rodeada de folhas por todos os lados. Aposto que, algum dia, você teve essa mesma sensação de já conhecer um lugar onde nunca esteve antes... Foi assim.  
Senti-me com a alma nos olhos, com a garganta ressequida, surpreendida pelo gosto não conhecido do inexplicável, do imponderável, do intangível. Sim, eu estava ali naquele pomar com a sensação absurda de nunca dele haver saído! Mas como, se jamais eu pisara a terra de meus avós? A lendária Santa Cruz do Retiro não passava do interessante núcleo das histórias recordadas pelo meu pai: as corridas de fantasmas, os medos-meninos, os enterros prematuros de patos... Do pomar e seu envolvente mistério, porém, ele nunca falara! Só se isso era coisa de minha bisavó, com quem tanto pareço segundo as conversas dos saudosistas. Ora, isso me parecia bem crível: a sorridente e festiva senhora devia mesmo gostar de ficar horas ali, estalando folhas pipocantes sob os pés, sentando-se naquele tapete de outono e lendo Alencar sorrindo! Praticamente um fiapo de lembrança arranhou as minhas vistas: foi como se eu a visse de repente ou – quem saberá algum dia? – trocasse de lugar com ela e sentisse, numa fração de segundo, o encantamento único daquele lugar.  
Acho que essa foi a maior sensação que tive de dé jàvu... E não falo, objetivamente, de conceitos de espiritualidade; também não estou defendendo, por outro lado, princípios de parapsicologia. Seja pelo espírito, seja pela mente, o fato é que meu pensamento voou, fazendo-me pairar por estâncias familiares estranhamente desconhecidas... Naquele instante, tive a impressão de estar revivendo os sentimentos e as impressões da minha bisavó. E, por um átimo, quase pude vislumbrá-la com seu vestido de época, sombrinha de rendas e... meu sorriso (?) na face!


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Algumas correntes científicas defendem a tese de que o dé jávu seria uma reação disparada por ação neuroquímica no cérebro, algo que não estaria ligado, de jeito nenhum, a determinada experiência do passado. Por outro lado, correntes populares e histórias pessoais manifestam uma verdade tal que sensações assim, tão fascinantes e enigmáticas, costumam permear os personagens da literatura e do cinema. E a imaginação das pessoas, é claro! Quem, por exemplo, não se deixou encantar pelo mistério romântico de Richard Collier e Elise Mackenna? (Em algum lugar do passado, 1980). Ou, ainda, não se envolveu na placidez contraditória das águas extemporâneas de Kate Foster e Alex Wyle? (A casa do lago, 2006). Mais recentemente – tenho certeza! – muitos foram os que deixaram o cinema fascinados com a experiência do agente especial Doug Carling (Dé Jàvu, 2007). Em qualquer dos três casos, um fio faz a interseção da história: a vertente ficcional (ou não) de uma viagem no tempo. 
Assisti também a dois curta-metragens que me atingiram em cheio o interesse e a curiosidade pelo fenômeno do tempo relativo: um nacional – Loop, escrito e dirigido por Carlos Gregório, com o desfecho impactante de um filme de seis minutos que, literalmente, extrapola a ideia convencional de tempo; e um alemão – escrito e dirigido por Chris Stenner, Arvid Uibel e Wittlinger Heidi, cuja temática dá conta de uma oscilação entre o tempo geológico e o tempo humano. Haja profundidade de enfoque!... 
Confesso que tenho a trilogia Back to the Future (1980) e – entre pipocas e Coca-Cola – sempre me reencontro com meu amigo Doc Brown, personagem inesquecível de Christopher Lloyd... Que genialidade a do Einsten pós-moderno criado pelo cinema quântico! Mas, voltando ao que eu dizia, a ideia de viajar no tempo, comum aos filmes que citei, constitui, a meu ver, um dos motes mais interessantes para a imaginação daqueles que sempre quiseram saber mais do que o mero e o palpável. Eu sempre fui uma dessas pessoas: quando criança desejei ser abduzida por uma equipe de cientistas verdes, tentei falar com fantasmas (ainda não consegui, mas continuo não tendo medo deles) e tive como sonho de consumo uma máquina do tempo! A certa altura, a obsessão era tão forte que eu acreditava mesmo poder embarcar em uma, e que – de algum modo – iria poder, a qualquer dia, descer na Grécia de Sócrates, desembarcar às margens do Nilo de Amenófis IV ou aportar num heliponto doméstico do século XXIII. No entanto, como o caprichoso Dr. Tempo ainda não me levou a conhecer o seu supersônico, vou me contentando com vôos esparsos nas galáxias da imaginação... Para tal, sei que não basta ler G. J. Whitrow, Guillaume Musso, Lee Smolin ou, ainda, J. J. Benítez. Também reconheço não ser suficiente conhecer avançadas teorias de Física Quântica. Aposto mais, mesmo, nas dimensões imaginárias – ou não – a que meu cérebro voador pode me levar... Estas, sim, representam as estâncias da possibilidade tornada real, esse tal gérmen do homem, que o tem feito inventar de bússola a ônibus espacial.  
Deixando um pouco de lado as verdades científicas, fascina-me mais a possibilidade de fazer uma viagem no tempo sem usar máquinas ou mecanismos complexos, como fez o teatrólogo de Em algum lugar do passado... Quando assisti ao filme pela primeira vez, ainda criança, eu tentei repetir a tática: deitei-me em meu quarto, fechei os olhos, tentei olhar para o mais profundo de meu cérebro e codificar a mensagem numérica de um outro ponto no tempo-espaço... Não adiantou, como você pode supor. Mas a minha vontade-menina permanece em mim e, sempre que travo contato com alguma aventura dessas no cinema, quase consigo me reportar a uma situação-verdade imaginativa, passando pela vereda – nem um pouco estreita – que meu cérebro me permite. Assim foi com a experiência atrativíssima de A casa do lago: dois apaixonados que se correspondem magicamente, havendo entre eles a divisória temporal de dois anos(?!)... Alex vivia em 2004, e Kate em 2006. Ele pôde travar rápido contato com ela no passado por meio das mensagens que recebia do futuro. Tinham em comum o fato de haverem morado na mesma casa e um desses amores dignos de cinema. O filme é tocante, em vários aspectos. E altamente inquietante é o paradoxo proposto em sua story line: uma médica assiste a uma morte e, por isso, se retira de sua rotina estressante, indo morar numa plácida casa sobre um lago. A partir daí se desenrola a trama. Mas como isso se torna possível se, somente daí em diante, irá se encontrar e conviver com aquele que, no início da trama, parece ser a pessoa que morre?!... Se ela saiu de um futuro em que ele morria sem que, de fato, o houvesse conhecido, como ele poderia estar no passado de sua nova casa e nos recônditos de um tempo-vácuo vivenciado por ambos? Uma história de trás pra frente?! Algo mágico, que pressupõe curvas dramáticas mirabolantes... Ora, paradoxos sempre existirão em histórias como essa, mas vê-las ou lê-las sempre vale a pena. Sem contar que a própria história da origem das espécies se esbarra com a primordial incógnita: afinal, quem surgiu primeiro: o ovo ou a ave?!


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Mas essa linguagem dos paradoxos parece ser mais facilmente compreendida por aqueles que conseguem conceber a teoria do pão de forma. Eu tenho uma amiga, por exemplo, que afirma algo nessa linha. Ela diz que – mesmo antes de ler a respeito – quando criança, ao divagar em suas brincadeiras, cogitava a hipótese de existência de várias versões de si mesma, cada qual num filete de tempo, de forma independente... Difícil de entender?! Pois foi justamente isso que nos propôs o roteirista de Dé Jàvu, quando – no desfecho da história – vemos duas versões do intrépido Doug: uma com ele parecendo sumir sob as águas e outra, antagônica, em que ele chega, ileso, de um passado que fora reinstalado. Aí também o paradoxo de uma vida e uma lembrança depositadas em algum ponto aparentemente desconhecido do passado... Se você viu o filme, pode me entender, por certo. Caso contrário, veja... ou apenas acredite: é uma experiência marcante uma tal possibilidade de se chegar a um lugar, se ver uma peça de roupa manchada de sangue, dentro de um cesto, e se ter a sensação de já haver visto aquele quadro antes... (e já se tinha visto, realmente!) Um dé jàvu sensacional, insólito, não um desses em que parece apenas que a alma voa, por uma circunstância de outra vida, numa esfera espiritualista... E, sim, um dé jàvu desta vida mesmo, apenas uma questão de passagem de tempo entre o que se vive agora e um passado próximo, no qual se pode readentrar, com a possibilidade de se fabricar um novo futuro e, com isso, modificar positivamente o presente. 
Pensando em toda essa história, mesmo que o leitor duvide das arrojadas e bem-engendradas teorias expressas no filme, impressionou-me muito a ótica principal da trama: a possibilidade científica de se viajar para o passado, utilizando-se o mecanismo de uma antevisão... É mais o menos o seguinte: uma equipe de agentes cientifizados observa, através de mecanismos extraordinários, cenas da vida real – do passado de alguns dias anteriores – da protagonista, cuja morte era investigada. Tais imagens, entretanto, diante da visão do agente Doug parecem evocar algo tão real que ele, impressionado, tem um insight: e se aquele painel ainda tivesse vida? E se aquela mulher (novamente, a teoria do pão de forma!) ainda estivesse vivendo aquele momento, do modo exato como as cenas mostravam? Sendo assim, era lógico que ele voltasse no tempo e pudesse encontrá-la, interferindo nos fatos e evitando assim sua tragédia... Uuuhhh... Que loucura!... 
Se deixei você com vários pontos de interrogação na mente, saiba que também os tenho, todos. E mais alguns que me impregnam os sentidos e a imaginação... Assim, para que ambos possamos nos localizar, de alguma forma, dentro desse intrincado labirinto espaço-tempo, será bom assistirmos aos vídeos abaixo (reportagem de algum tempo atrás, que encontrei e achei bem propícia na abordagem do tema, e o trailer do filme), que desenham dimensões de tão vasta concepção metafísica... Veja: